A pandemia do novo coronavírus trouxe diversas mudanças sociais, comportamentais e emocionais em toda população mundial, acarretando tristeza, dor e transformação. Porém há um grupo de pessoas que estão sofrendo ainda mais: os dependentes químicos, principalmente as mulheres.
Este cenário é justificado por diversos motivos. O primeiro deles é a depressão que atinge toda humanidade há pelo menos um século. Durante a pandemia as pessoas se viram obrigadas a ficar reclusas por longo período, tiveram medo de adoecer, perder emprego, ter sua renda diminuída e morrer. Foram tantas as incertezas que muitas pessoas se desesperaram. Do desespero ao mundo das drogas é um caminho fácil e rápido.
Um estudo realizado entre maio e junho de 2020 com homens e mulheres de várias regiões do País (26 Estados brasileiros e do Distrito Federal) mostrou que um número grande de pessoas apresentou, durante a pandemia, sintomas de depressão, ansiedade e estresse. Houve também maior consumo de drogas ilícitas, de cigarros, de medicamentos e de alimentos. As mais afetadas emocionalmente foram as mulheres, respondendo por 40,5% de sintomas de depressão, 34,9% de ansiedade e 37,3% de estresse. A pesquisa ouviu três mil voluntários e foi conduzida pela equipe do neuropsicólogo Antônio de Pádua Serafim, do IPq (Instituto de Psiquiatria) do Hospital das Clínicas da FMUSP
As razões que levaram as mulheres a terem maior sofrimento psíquico, foram principalmente o fato delas cumprirem dupla jornada, acompanharem o desenvolvimento escolar dos filhos e, na pandemia, mais pessoas permanecerem dentro de casa, além das preocupações relacionadas ao próprio vírus (iminência de contaminação, necessidade de mudanças de hábitos de higiene, redução de convívio social, familiares adoecidos, etc.).
Além do perfil de mulher multitarefa que concilia trabalhos domésticos e vida profissional, a pesquisa trouxe um achado interessante que revela outra face da questão de gênero. O sofrimento psíquico também atingiu quem morava sozinha e não tinha filhos. Os níveis mais elevados de estresse, depressão e ansiedade foram relatados por mulheres nestas condições, situação que, segundo o estudo, provavelmente estivesse associada a outras variáveis consideradas pela pesquisa e que poderiam estar contribuindo para o adoecimento das entrevistadas: muitas delas estavam desempregadas, tinham histórico de doenças crônicas (25,9%) e relataram ter tido contato com pessoas com diagnóstico de covid-19 (35,2%).
Uma das hipóteses levantadas pelo pesquisador foi que a pandemia tenha deixado esse grupo mais vulnerável a um estado de falta de perspectivas e incertezas quanto ao futuro, o que teria causado mais sensações de desconforto, angústia, ansiedade e desamparo.
Nós, da Clínica Up Life contamos com uma equipe multidisciplinar altamente preparada para dar total atenção, apoio e cuidados especiais com as mulheres dependentes de substâncias psicoativas durante e após a pandemia. Conte conosco!