O termo alcoólatra é usado até hoje para caracterizar alguém que bebe demais, que não tem controle do hábito e que está viciado em bebidas alcoólicas no geral. No entanto, é importante esclarecer que a denominação significa aquele que adora o álcool ou que idolatra o álcool, assim como o tão conhecido popular "chocólatra", ou seja, que adora chocolate. De acordo com os médicos especialistas no assunto a denominação é antiga e até pejorativa. O correto é falar alcoolista ou pessoa que sofre com transtorno por uso de álcool.
De todas as drogas psicoativas, o álcool é seguramente a que tem maior número de usuários no mundo, mas o padrão de consumo varia muito de uma pessoa para outra. Há aquelas que se gabam de sua resistência, pois bebem muito e raramente se embriagam. Outras, que também consomem álcool em excesso, enfrentam enormes dificuldades provocadas por seus efeitos. Há, ainda, as que bebem com moderação no ambiente familiar, numa reunião com amigos, em datas festivas, e também as radicais que não provam sequer uma gota de qualquer bebida que contenha álcool, uma substância sempre tóxica independentemente da quantidade ingerida.
O Brasil é um país onde não há controle efetivo sobre o uso e abuso do álcool, uma droga socialmente aceita e cujo consumo, em muitos casos, é até incentivado apesar dos desacertos e violência que pode provocar. De fato, o alcoolismo é uma doença crônica, de origem multifatorial e para ser diagnosticado com a condição, o indivíduo precisa apresentar sinais e danos como perda de emprego, violência física, agressividade, mudança de comportamento e afastamento de pessoas ao seu redor. Na maioria dos casos, a pessoa não reconhece o problema e sempre nega os sintomas.
Como diferenciar o alcoolismo de um consumo social?
A maioria das pessoas sabe o quanto o álcool é prejudicial à saúde, mas não liga muito pois não exagera na bebida, só toma uma ou duas latinhas no fim do dia para relaxar, e um pouco mais no fim de semana para curtir a vida, ou então aquela famosa tacinha de vinho com o intuito de cuidar da saúde do coração e supostamente prevenir outras doenças, mas saiba que mesmo bebendo só esse "pouquinho" você pode ter problemas de saúde.
Inclusive, um estudo publicado pela revista científica The Lancet, em agosto de 2018, mostrou que não existe nível seguro de consumo de álcool. Os cientistas admitiram que beber de forma moderada pode proteger contra doenças cardíacas, mas pode aumentar o risco de desenvolver câncer e outros problemas, o que sobrepõe o benefício.
Beber socialmente não é um problema quando se há controle e o indivíduo não oferece riscos a ele mesmo ou a outras pessoas. Não existe uma quantidade comprovadamente segura para o consumo de álcool, só um limite indicado para reduzir o risco de doenças em quem escolhe fazer uso desses produtos", explica a médica Carolina Hanna, psiquiatra do núcleo de álcool e drogas do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
A recomendação varia, mas um bom limite é que as mulheres não tomem mais de uma dose por dia e os homens duas, além de não beber mais de cinco vezes por semana, alguns órgãos de saúde "liberam" 10 doses semanais para o sexo feminino e 15 para o masculino. Como uma dose, entenda uma lata (330 ml) de cerveja, uma taça (100 ml) de vinho ou um copo (30 ml) de destilado.
No entanto, beber todos os dias e perder o controle em algumas situações pode indicar alcoolismo ou predisposição ao problema."Beber todo dia não é para o ser humano. O etanol é tóxico para o organismo e o uso frequente pode trazer problemas recorrentes, que vão além do alcoolismo", explica Ana Cecília Roseli Marques, psiquiatra e membro do conselho consultivo da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e Outras Drogas.
Conheça os problemas mais comuns de quem abusa do álcool
Obesidade
Bar e perda de peso são duas coisas que definitivamente não combinam. Dados recentes da Investigação Prospectiva Europeia sobre Câncer e Nutrição (EPIC) mostram que o consumo de álcool regular estimula o acúmulo de gordura corporal e o aumento da circunferência da cintura.
A bebida alcoólica é pobre nutricionalmente (não alimenta) e possui alto valor calórico: 1 grama de carboidrato ou proteína tem, mais ou menos, 4 calorias, enquanto a mesma de álcool tem 7 calorias. Uma lata de cerveja, por exemplo, fornece aproximadamente 150 calorias, praticamente o mesmo que um pão francês. Além disso, o álcool eleva o nível de cortisol - o hormônio do estresse - no organismo, isso tende a aumentar o desejo por comidas cheias de açúcar e gordura.
Fígado gorduroso e cirrose
O fígado é o responsável por metabolizar os nutrientes de tudo o que comemos e bebemos. Beber demais sobrecarrega o órgão, o que altera o metabolismo dos triglicerídeos, gerando um acúmulo de gordura no fígado, doença chamada de esteatose hepática alcoólica.
Até 40% das pessoas diagnosticadas com fígado gorduroso desenvolvem cirrose, inflamação crônica irreversível do órgão, que altera sua capacidade de funcionar adequadamente.
O uso prolongado do álcool também pode provocar impotência e infertilidade, depressão, pneumonia, tuberculose, além de câncer de esôfago e de outras regiões, como boca, estômago, laringe, fígado e intestino. Outra doença comum é a pancreatite, uma severa inflamação no pâncreas.
Quanto tempo um alcoolista consegue viver?
De acordo com recentes estudos, um alcoolista pode viver 20 anos a menos do que a população que não apresenta dependência química nessa substância. Além disso, a qualidade de vida durante os anos vividos também tende a diminuir. Por isso a conscientização é fundamental.
Como conseguir ajuda e tratamento?
Lembre-se de que a dependência é uma doença e não uma falha de caráter. Muitas vezes, a pessoa tenta parar sozinha, mas não consegue porque ela precisa de ajuda especializada para se livrar do vício.
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